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Sinergia entre XP e Giant Steps: do passado do jazz ao futuro do mercado



Um dos 500 melhores álbuns de todos os tempos, segundo a Rolling Stone, e parte da “Core Collection” do The Penguin Guide to Jazz: este é o álbum “Giant Steps”, de John Coltrane, considerado um dos mais influentes álbuns de todos os tempos. Mas o que torna esse álbum tão marcante na história da música?


O grande destaque é a sua canção introdutória, também chamada “Giant Steps”. Essa música é baseada em três centros tonais equidistantes no ciclo das quintas, o que traz criatividade harmônica ao unir racionalidade teórica e matemática com a criatividade e magia sentimental da música.


É junto à carga desse termo que a Giant Steps, maior gestora de fundos quantitativos do Brasil em ativos sob gestão (R$ 7 bilhões), traz inovação ao mercado financeiro brasileiro e se torna digna de comparação com a obra de Coltrane: da mesma forma que a união entre lógica e emoção criou umas das maiores músicas da história, a gestora considera a racionalidade e a irracionalidade do mercado para desenvolver uma estratégia de investimentos inovadora e digna de destaque em meio aos fundos multimercado nacionais.


A estratégia funciona por meio de quatro fundos de investimentos com duas linhas algorítmico-matemáticas de análise estratégica com foco em lucrar por meio de diferentes momentos de comportamento dos investidores. A primeira destas linhas é focada em explorar os momentos de euforia e pânico (função dos fundos Zarathustra e Darius), enquanto a outra promete neutralizar reações emocionais dos investidores e performar nos momentos de racionalidade (na prática, essa é a estratégia dos fundos Sigma e Axis).


A proposta da Giant Steps é a junção desses dois fundos que, apesar de caracterizados como de alto risco, quando unidos, resultam em carteira conservadora, o que potencializa ganhos e minimiza riscos. O retorno da união entre Sigma e Darius em proporções equivalentes é de aproximadamente 205% do CDI acumulado.




Depois de entender a proposta da Giant Steps e considerar a tendência de repaginação tecnológica do mercado financeiro, fica claro que a gestora seria alvo de interesse de alguns players do mercado. A busca por participação na empresa se tornou um capítulo da guerra entre XP Inc. e BTG Pactual, decorrente do confronto estratégico entre ambos, visto que buscam a ampliação vertical de sua presença no mercado de investimentos. Em meio a vitórias e derrotas nesta longa disputa, a XP Inc. anunciou, no dia 04/06/2021, a participação minoritária na Giant Steps.


Cabe, aqui, entender quais as motivações específicas da XP Inc. que a levaram a apostar na gestora, como a mudança anunciada no dia 12/05/2021 no cargo de CEO da companhia, o qual, agora, conta com seu antigo CTO Thiago Maffra. Tal movimento traz o provável início de uma forte investida da XP Inc. no planejamento estratégico, focado em tecnologia, atenção ao cliente e em expansão do mercado endereçável.


Quanto ao relacionamento da XP Inc. com tecnologia, o ex-CTO esclareceu algumas vezes que um dos objetivos mais significativos para o futuro da XP seria tornar-se uma das maiores fintechs do mundo, a fim de afastar a percepção da sua imagem como a de, exclusivamente, uma corretora. Para isso, a XP Inc. teve como destaque, dentre outras de suas táticas, englobar estratégias vigentes nos Estados Unidos na busca pela expansão do mercado endereçável no sistema financeiro (estratégia recentemente reforçada pela afirmação de Thiago Maffra sobre intenções de ampliar a fatia de R$ 100 bi em que a XP Inc. atua, tendo em vista os R$ 800 bi de receita do mercado financeiro brasileiro), além de reorganizar sua estrutura em busca da expansão digital.


Neste sentido, exemplos de estratégias implementadas foram (1) o modelo de shopping/supermercado financeiro desenvolvido pela corretora Charles Schwab e, baseada em experiências realizadas no Vale do Silício pela Singularity University,(2) a implementação da metodologia Ágil - conjunto de técnicas e práticas para gestão de projetos que oferece mais rapidez, eficiência e flexibilidade -, com dezenas de squads compostos não só por profissionais de tecnologia, mas também por todos os diferentes setores da organização.


Dentro dessa perspectiva, a participação da XP Inc. na Giant Steps estaria em convergência com sua estratégia, visto que o mercado de fundos quantitativos já responde por mais de 30% dos ativos sob gestão nos Estados Unidos, em contraste com, aproximadamente, 2% no Brasil, o que indica um mercado sub-penetrado - a Classificação de Fundos da Anbima, por exemplo, não estabelece categoria própria para fundos quantitativos e os classifica como fundos multimercados - e uma oportunidade de expansão dos segmentos de atuação para a XP Inc.


Além disso, o uso do método quantitativo para a análise da tomada de decisão tem como grande destaque a eficiência e velocidade, quando comparado com o trabalho humano, o que também está em sinergia com as pretensões de agilidade, foco do planejamento estratégico da XP.


Thiago Maffra também ressalta a continuação e intensificação do foco da XP Inc. nas demandas do cliente. Nesta perspectiva, é importante considerar que, no contexto macroeconômico, a baixa comparativa da Selic (mantida mesmo com a recente decisão do Copom de elevar a taxa de juros em 0,75 p.p ao ano, em 16/06/2021) leva investidores conservadores para investimentos de maior risco. A emergência de investidores brasileiros que não se enquadram na categoria de High Net Worth Individual (investidores que não possuem elevado patrimônio) e com pouca experiência no mercado financeiro, faz com que as propostas da Giant Steps sejam uma boa alternativa por neutralizar riscos, subjetividades e momentos de estresse.


Em suma, XP e Giant Steps estão em sintonia. Assim como uma nota bem posicionada dentro de um contexto harmônico, a aquisição de parte da Giant Steps fortalece a XP rumo às suas metas e demonstra um cenário abrangente e promissor para essa parceria.

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