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Inteligência artificial: como serão seus impactos na economia?



A tecnologia moderna certamente torna a vida cotidiana muito mais confortável e prática, sendo um exemplo a inteligência artificial, que agora se encontra em uma onda de popularidade como nunca visto antes. Sites e apps como ChatGPT, Google Bard, Cortana, etc. são instrumentos que podem ser utilizados como assistentes pessoais, de pesquisa e em tarefas escolares.


Por uma ótica mais ampla, as IAs podem não só auxiliar em atividades do dia a dia, mas na economia global como um todo. A partir disso, o rápido desenvolvimento dessas tecnologias acarretará tanto benefícios como grandes prejuízos para a sociedade. Por isso, muitos países e empresas estão em uma corrida para adquirir patentes, refinar sistemas interativos e integrá-los nas atividades econômicas da empresa, a fim de maximizar sua produtividade.


A competição incessante pelas AIs


A capacidade desses sistemas de coletar e processar informações de forma muito mais rápida que os seres humanos faz com que o momento atual seja muito propício para o desenvolvimento das AIs. Um exemplo disso é o alto crescimento de patentes de inteligência artificial, maior do que de outros setores, cujas líderes são o Japão, Coréia do Sul, Estados Unidos e China, que, juntos, contam com mais de ⅔ da pesquisa total desse tema. Para se ter uma perspectiva do tamanho desse mercado, analistas do site Our World in Data indicam que, em 2021, o número de patentes chegou a 140 mil, subindo exponencialmente desde 2018 - quando eram só cerca de 19 mil patentes.


Outra comparação interessante é com demais áreas a partir de pesquisas e patenteamento de tecnologias de ponta. Em relação a 5 anos atrás, o patenteamento de sistemas de inteligência artificial é o grupo que mais cresceu, e com uma margem muito superior, de 28%, enquanto Fintech e digitalização, por exemplo, cresceram cerca de 6%.


Além disso, uma pesquisa da McKinsey mostra que, até 2030, cerca de 70% das empresas já terão adotado pelo menos um tipo de tecnologia IA. Todas essas estatísticas demonstram a chamada “AI Race”, na qual muitos países - principalmente os mais desenvolvidos - e companhias buscam desenvolver e inovar nessa área de tecnologia de modo a obter primeiro os benefícios e maximizar sua produtividade e lucro. Porém, quais são, exatamente, essas vantagens, que fazem o mundo se mobilizar de forma tão agressiva nesta corrida?


Os benefícios econômicos do uso de IAs


O potencial de utilização da inteligência artificial é muito grande. Um estudo da PwC (PricewaterhouseCoopers) estima uma possível adição de US$15,7 tri - aumento de 14% - na atividade econômica global derivada da IA e seus múltiplos usos, equivalente a um crescimento cumulativo de 16% em relação ao PIB mundial atual. A maior parte desse retorno futuro é proveniente da “inteligência artificial generativa”, o tipo mais avançado de IA, que possui métodos de auto-aprendizado muito avançados. Os países que possuem um retorno maior proporcionado pelas IAs são os mesmos que mais investem nelas hodiernamente, como mostrado no mapa abaixo (países pintados de cor igual possuem, conjuntamente, o mesmo retorno esperado). Nota-se que os destaques são América do Norte e China, esse que possui uma expectativa de 7 trilhões de dólares em ganhos.


Retorno esperado pelo uso de IA por país (US$ tri) / Ganhos esperados por AI em diferentes regiões do mundo até 2030



O principal benefício adquirido a partir da utilização dessas ferramentas é uma elevação estimada de 40% de produtividade no trabalho, devido a tecnologias inovadoras que melhoram o gerenciamento de tempo e agilizam tarefas. Para ter esse efeito, no entanto, serão necessários grandes investimentos por parte das companhias em software, sistemas e máquinas baseadas em IAs autônomas e auxiliadoras de usuários humanos.


Além disso, as inteligências artificiais também serão parte de uma maior automatização do trabalho humano, realizando as atividades normalmente feitas por um funcionário mais eficiente e rapidamente e com qualidade superior. Esse fato trará muitos benefícios não só ao business que utilizam IA, mas também aos consumidores, que terão acesso a produtos e serviços possivelmente mais baratos em decorrência da diminuição de custos nas empresas, juntamente com maior demanda por funcionários em áreas relacionadas a desenvolvimento e inovação de inteligência artificial .


As dinâmicas entre empresas também serão afetadas: as IAs e a automação proporcionarão maior competitividade a players e até mesmo MEIs por serem capazes de realizar projetos e atividades que anteriormente demandavam mão de obra extremamente qualificada e investimentos altos demais para seus padrões. Com isso, um ambiente novo no ambiente dos negócios passaria a ser criado, com surgimento de companhias ou muito pequenas, pela possibilidade promissora de crescimento, ou muito grandes, pelo rápido crescimento e aumento de produtividade fornecidos pelas IAs. Desse modo, a economia se moldará de forma que empresas de médio porte sairiam perdendo e acabariam se encaixando em uma dessas duas categorias.


Especialistas do ramo criaram o termo “Early adopters” para os business e trabalhadores que absorverão integralmente ferramentas IA pelos próximos cinco ou sete anos, os quais vão se beneficiar desproporcionalmente aos demais. Apesar de terem um maior investimento inicial requerido, essas empresas serão mais eficientes em expandir suas operações, melhorarão a experiência do consumidor e conseguirão gerenciar bem os riscos. De acordo com uma pesquisa da CNBC, funcionários que já utilizam inteligência artificial no seu dia a dia tiveram maior aumento (em comparação com a inflação) em seus salários do que aqueles que não a utilizam (33% vs. 10%), além de declararem serem 7% “mais felizes” em sua rotina. Em outro estudo, feito pela Deloitte Cognitive Technologies, 83% de empresários já usuários de IA em suas companhias alegaram já terem se beneficiado substancialmente pela utilização dessas tecnologias. O gráfico abaixo mostra como businesses, classificados em “Líderes, seguidores e atrasados” em relação à adoção de IAs, terão seus fluxos de caixa afetados por conta disso, até 2030:

Mudanças relativas ao fluxo de caixa de empresas por adoção de IA



Esse crescimento expressivo de companhias líderes, inclusive, advém de um aumento da receita proporcionado pelo market share ganho das empresas “atrasadas” na AI Race.

O outro lado da moeda: os possíveis prejuízos


Apesar de trazer muitos benefícios à sociedade, a inteligência artificial também possui seus malefícios. Segundo estudo da McKinsey, países líderes no desenvolvimento de IAs têm de 20 a 25% adição econômica líquida que nações ainda em desenvolvimento, estas que irão usufruir de um aumento de 10 a 15%.


Depois, como visto em muitos debates sobre esse tema atualmente, o principal argumento contra a inovação acelerada de IAs é a substituição de mão de obra humana por robôs inteligentes, causando desemprego estrutural massivo em escala global. Uma previsão da “think-tank” Bruegel avisa que aproximadamente 54% dos empregos na União Europeia têm o risco de serem “computadorizados”, como os pesquisadores chamaram, dentro de 20 anos – uma perda de 105 milhões de empregos (dados de 2022).


Desse modo, uma polarização do trabalho é muito provável: os empregos com menor remuneração, qualificação e mais trabalho repetitivo e manual serão os primeiros a serem substituídos. Esse tipo de ocupação sofrerá muito mais – com declínio aproximado de 30 a 40% - do que aqueles com maior qualificação e skills, tendo uma elevação na demanda. A fim de comparação, por uma análise de ciclos socioeconômicos após a Revolução Industrial, feita pela Bruegel, a destruição de trabalho será maior a curto e médio prazo. Por outro lado, a criação de empregos mais intelectuais e relacionados a IA prevalecerá no longo prazo. O gráfico abaixo ilustra mais claramente a contraposição entre a criação / destruição de empregos, com uma diferença líquida positiva, devido principalmente aos trabalhos mais qualificados e de IA.


Criação e destruição de empregos



Todo esse contexto promoverá um aumento na desigualdade, na qual não só os trabalhadores de baixa renda serão afetados, mas os de média remuneração também, visto que os funcionários de alta qualificação serão muito mais produtivos com as IAs. A principal consequência negativa da inteligência artificial, portanto, é de intensificar diferenças – e tornar mais desiguais – trabalhadores, companhias e países, visto que os desenvolvidos se beneficiarão mais.

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