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Tecnologia 5G


Em tempos de quarentena, quem tem conexão é rei


A pandemia causada pelo Covid-19 deixou evidente a importância do acesso às redes de telecomunicação no suprimento das necessidades humanas. Desde pedir uma refeição no iFood, até marcar o happy - hour da empresa em uma sala virtual do Zoom, as restrições de circulação e aglomeração de pessoas impulsionaram o uso de recursos digitais pela população. Contudo, nem todas as pessoas no Brasil e no mundo tem acesso a celulares, notebooks ou redes de conexão. Ainda assim, as evoluções –ou revoluções - tecnológicas do setor tem aumentado a capacidade de empresas e pessoas de superarem desafios profissionais e pessoais cada vez mais complexos.


Um exemplo dessa melhoria em eficiência pode ser observado nos avanços das conexões 1G, 2G, até, mais atualmente, a 5G. Com o surgimento, da Primeira Geração (1G), nasceu, também, a telefonia celular sem fio, nos moldes que conhecemos hoje. O sucesso desse novo meio de transmissão de informações gerou um aumento explosivo no número de usuários, o que acabou sobrecarregando os canais e faixas de transmissão disponíveis no período. Contudo, o resultado foi positivo pois, já nos anos 90, o advento das redes 2G possibilitou - além do envio de mensagens de texto e fotos via SMS - conexões por voz que não exigissem conexão alguma com internet. Não era difícil imaginar que o sucesso dessa atualização fosse semelhante ao de seu antecessor e, com a criação das redes 3G, na virada do século XX para o XXI, o acesso à internet e outros serviços de multimídia começou a delinear o volume e nível de sofisticação de dados que seus sucessores, as redes 4G e 5G, teriam que suportar.


Essa adaptação, inclusive, não ocorreu somente nas áreas e tecnologias envolvidas no desenvolvimento dessas redes de telecomunicação. As altas velocidades e quantidades de informações, que começaram a ser trocadas e utilizadas, geraram uma pressão adaptativa em todas as empresas que desejassem se manter competitivas em seus respectivos mercados. No intuito de terem, ao mesmo tempo, capacidade de receber e processar esse novo montante de dados, a corrida pelo acesso e fornecimento das tecnologias de rede 3G e 4G, por empresas e governos, começou a explicitar a importância da criação de mecanismos regulatórios que garantissem um ambiente competitivo, beneficiando tanto as empresas como os consumidores dos serviços atrelados à essas redes.


Ainda que essas regulações tivessem um propósito bem delimitado e coerente em uma economia de mercado, no Brasil, esses mecanismos tiveram resultados diametralmente opostos aos pretendidos. O processo de privatização, em 1994, do sistema Telebrás – que, até então, tinha o monopólio no país – aumentou a estagnação do setor. Somente em 2004 (4 anos após seu surgimento na Europa) a tecnologia 3G passou a ser oferecida pela Vivo. Quando se somou, também, a baixa qualidade dos serviços oferecidos - com somente 10% dos pacotes de 4 Mbps vendidos pela operadora sendo disponibilizados aos usuários -, começou a ficar evidente que, em um mundo no qual a discussão de uma 4ª Revolução Industrial, e suas consequências, já se desenhava, o Brasil (mais uma vez) ficaria para trás.


Atualmente, Estados Unidos e China travam o embate da supremacia econômica mundial através - além da guerra comercial e outras formas de conflitos – do estabelecimento da predominância no fornecimento da tecnologia 5G ao mundo. Fica mais evidente a importância que o acesso às redes de telecomunicação mais avançadas garante na competitividade econômica entre países e, consequentemente, entre empresas.

Com o advento do 5G, estima-se que volumes de chamadas ilimitadas poderão ser feitas, e, também, velocidades de transmissão até 20 vezes mais rápidas que as atuais poderão ser atingidas. Assim como na lógica de criação de seus antecessores, o 5G serve, com suas características de volume e velocidade de transmissão de dados, como instrumento necessário no aumento e melhoria do fornecimento dos novos serviços utilizados pela população. Com a diminuição dos custos de produção de smartphones, o número de celulares por habitante tem aumentado de maneira exponencial – somente nos Estados Unidos, por exemplo, existem 260 milhões de usuários de smartphones - e, consequentemente, os benefícios de se ter esse tipo de aparelho também tem ganhado maior respaldo.


Alimentação, transporte, entretenimento, saúde e educação, é difícil pontuar algum setor que não foi impactado por essa nova dinâmica de aplicativos e redes virtuais. Um exemplo disso é que, quase diariamente, surge um novo aplicativo, buscando suprir alguma necessidade de algum nicho de clientes e, através dos ganhos de escala - possíveis por conta dessa estrutura virtual -, gerar receitas bilionárias aos seus criadores. Essas transformações e seus impactos ficam cada vez mais claros e, durante a crise da Covid-19, o questionamento da validade do modelo de negócios de várias empresas começou a ser questionada. A questão do aumento do acesso à população aos recursos provenientes das redes de telecomunicação e internet reforça, também, o argumento de necessidade de transformação digital das empresas. Para as companhias como a Magazine Luiza - que cresceu no mercado de varejo, dentre outros fatores, por conta do sucesso das estratégias de integração de canais virtuais e físicos de distribuição – que tiveram o cuidado de implementar mecanismos de coleta, análise e utilização de volumes gigantescos de informações, a tomada de decisões durante a pandemia (e outros momentos críticos) foram mais eficientes e eficazes.


Por mais evidente que seja a importância de redes de transmissão e fornecimento de 5G na competitividade das empresas dos países, devemos lembrar a qualidade duvidosa do Brasil no uso dessas tecnologias. O oligopólio desse setor no país garante a baixa qualidade do serviço oferecido e, somado à falta de infraestrutura urbana ainda presente em grande parte do território, é difícil enxergar um cenário de curto prazo em que as empresas brasileiras consigam se beneficiar da implementação das redes 5G. Grande parte desse atraso na implementação da tecnologia 5G no Brasil será por conta da ausência de infraestrutura, uma vez que não existem antenas suficientes no país para distribuir eficientemente as redes. Adicionando-se o fato de que, muito provavelmente, toda a infraestrutura de transmissão da companhia Oi será dividida entre as outras três grandes provedoras de serviços de telecomunicação do país, dificilmente teremos qualidade de fornecimento e velocidade dos serviços contratados dessas companhias.


Outro fator relevante que pode atrasar a vinda do 5G ao país seja a relevância geopolítica da discussão de fornecimento desse tipo de rede. O governo brasileiro ainda atrasa o leilão de redes exclusivas para a tecnologia por pressão dos Estados Unidos em bloquear a Huawei, empresa Chinesa, que prevê até R$ 30 bilhões ao ano em investimentos em infraestrutura, por ano, para fornecimento das redes no Brasil. Por fim, ainda que a tecnologia já esteja sendo testada em algumas cidades, difícil enxergar um futuro em que o Brasil deixe de ser consumidor de uma tecnologia crucial – tanto economicamente como politicamente – para se tornar fornecedor. Enquanto isso, os usuários ainda permanecerão reféns dos períodos de espera eternos nas centrais de atendimento das provedoras atuais.

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