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Renda Fixa vs Renda Variável


Quando pensamos em investimentos, a primeira coisa que vem à mente são as ações. Mas existem diversas outras formas de alocar renda no Mercado de Capitais. De modo geral, podemos dividir os títulos em dois tipos: os de renda fixa e os de renda variável. Cada modalidade tem prazos, riscos e retornos distintos, concentrando, assim, diferentes perfis de investidor e de capital. Ao investidor cabe decidir o nível de risco que está disposto a correr, para obter maior ou menor retorno.

Renda fixa

A renda fixa é a modalidade de investimento na qual se conhece, no momento da alocação, a forma do rendimento que será conferida ao título. Desse modo, na aplicação é possível estimar ou mesmo prever o valor futuro do investimento, ou seja, sua rentabilidade é previsível.

Esse rendimento pode ser prefixado, tendo rentabilidade exata conhecida no momento da aplicação definida em uma porcentagem ao ano e não podendo ser alterada por fatores externos. Os títulos prefixados têm prazos de vencimento definidos. Ao comprar um título prefixado como, por exemplo, uma Letra do Tesouro Nacional (LTN), o investidor sabe que terá um rendimento definido de x% ao ano. Quando do vencimento do título, resgatará o chamado valor de face, que é o valor investido somado à rentabilidade. O investidor conhece o valor de face já no momento da aplicação.

Exemplo...

O investidor compra, por meio do Tesouro Direto, uma Letra do Tesouro Nacional (LTN), por R$780,00, sabendo que o valor de face que resgatará, em 500 dias, será R$1000,00. Desse modo, sua rentabilidade foi de:

Notamos que o investidor conhece o percentual ao ano ao qual está aplicando seu capital.

A renda fixa pode ser também pós-fixada, o que significa que o título tem sua rentabilidade atrelada a algum indexador econômico (como a taxa Selic). Ou seja, ao comprar um título pós-fixado, o investidor recebe um percentual relacionado ao comportamento do índice. Desse modo, conhece a forma que se dará seu rendimento, mas não o conhece nominalmente, e a rentabilidade, por estar atrelada ao indicador, está sempre vinculada à situação macroeconômica do país.

Os indicadores mais comuns aos quais se atrela um título pós-fixado são a Selic, taxa de juros básica; o IPCA (Índice De Preços Ao Consumidor Amplo) e o IGP-M (Índice Geral De Preços Do Mercado), medidas de inflação; e o CDI (Certificado de Depósito Interbancário), importante benchmark do mercado financeiro.

Geralmente, o rendimento é dado pela rentabilidade do índice acrescentado de um percentual pré-definido. Por exemplo, um título IPCA+3% renderá, no momento do vencimento, o desempenho do indexador mais os 3% acordados.

Os títulos de renda fixa podem ser ou públicos ou privados. Os títulos públicos se popularizaram como modalidade de investimento com o Tesouro Direto, do Governo Federal. Dentre os investimentos privados, temos como principais as debêntures, títulos de dívida emitidos por empresas; os Certificados de Depósito Bancário (CDBs); as Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs); e os Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs).

O menor risco da renda fixa em comparação a renda variável, além da sua segurança e acessibilidade (é possível comprar títulos com R$30,00 pelo Tesouro Direto), fazem com que essa seja a modalidade de investimentos mais comum no Brasil. A renda fixa é uma modalidade de investimento mais segura do que a variável por apresentar essa previsibilidade do valor futuro a ser retirado pelo investidor. Dentro da renda fixa, os títulos prefixados são um pouco mais arriscados do que os pós-fixados. Isso acontece, pois, uma vez que a rentabilidade exata é definida na aplicação, se desconsideram os efeitos macroeconômicos ocorridos depois dessa. Desse modo, um título prefixado pode render menos do que a inflação ou que a Selic, por exemplo.

Renda variável

Ao contrário da renda fixa, que se caracteriza pela sua previsibilidade, a renda variável apresenta retornos instáveis, sem previsibilidade de rendimento, uma vez que esse está atrelado a fatores macroeconômicos e de mercado, aos quais a renda variável é muito sensível. Assim, a renda variável é um investimento volátil, de maior risco, mas também de maior retorno.

As ações da Bolsa de Valores são o investimento mais conhecido da renda variável. Uma ação é uma fração do capital social de uma empresa. Ao investir, o comprador se torna sócio da empresa da qual adquiriu ações, com poderes limitados à quantidade de ações que possui e a seu tipo (preferencial, que garante preferência no pagamento de dividendos, ou ordinária, que confere direito à voto em assembleia). As ações mais negociadas na bolsa de valores compõem uma carteira teórica: o índice Bovespa – o IBOV – um indicador de desempenho geral da Bolsa brasileira, sendo considerado o benchmark da renda variável. O gráfico abaixo mostra o quanto o indexador variou entre abril de 2019 e abril de 2020, indicando a imprevisibilidade dos investimentos na renda variável.

Também são investimentos em renda variável os derivativos, como as opções (calls e puts) e as commodities (ouro, petróleo, soja...), incluindo as financeiras, como as moedas e os ETFs. Essas modalidades são negociadas no Mercado Futuro, o qual também faz parte da Bolsa de Valores.

O Brasil está passando por uma popularização cada vez maior das modalidades de investimento. A B3 alcançou, em 2020, a marca de 2 milhões de cadastros de investidores pessoa física. A maioria dos brasileiros ainda prefere a renda fixa: por volta de 70% do volume financeiro das carteiras das pessoas físicas estão nela. Porém, a parcela de investimentos em ações vem crescendo ano a ano (de aproximadamente 2% do volume das carteiras médias, em 2018, para 6%, em 2019).

Deste modo, é possível montar uma carteira com as mais diversas relações entre risco e retorno, basta que o investidor pondere seus recursos em ativos de renda fixa, com menores retornos, porém mais seguros, e ativos de renda variável, com maiores retornos, mas atrelados à um maior risco. Mais a fundo, é possível destrinchar os investimentos em pré e pós fixados na renda fixa e incorrer em riscos futuros nas ações com as opções e os derivativos. Como se dará essa ponderação, depende do perfil de risco de cada investidor. Como as teorias mais recentes de portfólio seguem uma abordagem bastante consolidada de nunca alocar todos os recursos em um mesmo ativo, é interessante que o capital esteja alocado tanto em investimentos de renda fixa, quanto em renda variável, com a proporção a ser definida pelo perfil de risco que o investidor está disposto a tomar.

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