Como mensurar o risco implícito de investir no Brasil em detrimento de outros países? Bom, há alguns medidores que podemos utilizar a fim de estimar o risco-país. O conceito em si busca expressar, de forma objetiva, o risco de crédito a que investidores estrangeiros estão submetidos quando investem no país, levando em consideração fatores estruturais e conjunturais. Dentre os principais indicadores utilizados no mercado, destacam-se o Emerging Markets Bond Index Plus (EMBI+) e o Credit Default Swap (CDS). Outra métrica, também relevante, são os ratings soberanos emitidos por agências internacionais de classificação de risco de crédito.
Calculado pelo banco de investimentos americano JP Morgan, o EMBI+ é divulgado diariamente. Este representa, em pontos-base, a diferença entre a taxa de retorno dos títulos de países emergentes e a oferecida por títulos emitidos pelo Tesouro americano, considerados os mais seguros do mundo. Essa diferença é denominada “spread soberano”. O indicador abrange títulos de países emergentes nos mais diversos continentes, com destaque para a América Latina, que concentra cerca de 40% dos instrumentos analisados. No caso específico do Brasil, é calculado também o EMBI+Br – que segue a mesma metodologia de sua versão genérica. Seu spread é conhecido como “Risco-Brasil” e corresponde à média ponderada dos prêmios pagos pelos títulos da dívida externa brasileira em relação a papéis de prazo equivalente do Tesouro dos Estados Unidos. Simplificando, corresponde à diferença do retorno entre os papéis brasileiros e americanos, medindo a capacidade de o país honrar seus compromissos financeiros. Esse dado é frequentemente utilizado pelo mercado, principalmente na precificação de ativos, na definição do custo de capital e na alta correlação deste com o dólar.
Já o CDS representa um acordo bilateral de proteção (hedge), em que o investidor evita o risco de evento de crédito, ou seja, o risco de não recebimento de seu pagamento (default). Assim, o vendedor do título oferece um prêmio, de forma a compensar o comprador do ativo pelo risco de insolvência. Embora haja diferenças entre o spread dos CDS e dos títulos, devido a fatores como liquidez e duração do contrato, a elevada correlação com o EMBI+Br justifica o uso de ambos como indicadores de Risco-Brasil.
Os ratings soberanos, ou simplesmente ratings, medem a capacidade e disposição de um país honrar suas dívidas. A classificação é feita através das agências Standard & Poor´s (S&P), a Fitch Ratings e a Moody´s, e sintetiza o risco de crédito de cada país. Esta nota pode variar de acordo com as perspectivas econômicas de um país, que engloba elementos como endividamento, liquidez, risco político, estabilidade, entre outros. Diferentemente do risco-país, que representa um indicador de curto prazo, os ratings refletem fundamentos de longo prazo, o que não diminui a sua relevância quando se trata da definição da aplicação de capital no país, em relação a investidores e fundos, ou no valor do juro cobrado do país.
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