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High Frequency Trap: o futuro do trading e a automatização


O mundo passa por muitas mudanças tecnológicas. Desde tecnologias na medicina a uma nova tecnologia para smartphones, há a tendência de o mundo se tornar muito mais computadorizado e conectado. E o trading não foge desta realidade.

Desde o começo da década de 1970, com os sistemas “DOT” e “SuperDOT”, percebemos a inserção de robôs e computadores nas transações no mercado financeiro, transformando ordens de compra e venda, antes lentas e manuais, em operações velozes e guiadas por complexa matemática e computação. A partir disso, a automatização e o algorithmic trading nunca mais se desvincularam dos mercados.

Hoje, somos totalmente dependentes da participação da tecnologia nos mercados, tanto para realizar transações inter-regionais quanto para operar em tempo real. O mercado se tornou dinâmico, veloz, e cada vez menos guiado pela ordem humana. Os robôs de trading, funcionando por meio de algoritmos computacionais e utilizando as mais novas tecnologias disponíveis, já são uma realidade.

Os chamados High Frequency Traders são operadores de mercado completamente robóticos, guiados por algoritmos de alta velocidade de processamento de ordens e resposta. Os HFTs possibilitam movimentação em massa de títulos e mercadorias em frações de segundo, podendo tanto criar uma maior volatilidade ao mercado quanto permitir maior arbitragem e especulação, além de oferecer aos responsáveis por tais computadores vantagens e estratégias consideradas antiéticas, e difíceis de se regular e evitar por parte das autoridades.

Como visto no Flash Crash de 2010, índices de bolsas de valores como o S&P 500, o Nasdaq Composite e Dow Jones Industrial Average tiveram grandes variações em poucos minutos, causando movimentos de massa que envolviam trilhões de dólares, tudo isso devido à intensificação de movimentos de massa por parte dos HFTs, que respondiam automaticamente a qualquer variação no mercado. Na situação, devido a tais negociações extremamente aceleradas, diversas ações de seus respectivos índices chegaram a valer poucos centavos, voltando a próximo de seu valor no começo do dia pouco tempo depois, com toda variação ocorrendo em questão de poucos minutos.

Apesar da situação acima não ter causado um grande estrago ao seu final, ela mostra o quão frágil é o mercado em frente de tais tecnologias, que possuem pouca regulação. Movimentos de massa extremamente acelerados tendem a causar alta volatilidade, gerando crises de incerteza. Além disso, os HFTs permitem estratégias do tipo de Layering e Spoofing, que consistem em criar ordens que os operadores não têm interesse em realizar, e, logo em seguida, cancelá-las, antes de completarem negócio, dada a velocidade de operação dos HFTs. Assim, HFTs possuem alta capacidade de influenciarem o mercado, indicar uma falsa tendência de compra ou venda que levaria a um movimento de outros players, portanto alterando preços de forma a favorecer sua especulação.

Tais players automatizados representam um risco ainda maior por comporem grande parte do share de negociadores de mercados de capital. Operações de HFTs, atualmente, representam cerca de 43% de todo valor negociado, 49% do número de negócios e 76% de todas ordens de compra e venda nos principais mercados da União Europeia. E sua tendência é só aumentar. Com o desenvolvimento de tecnologias como computadores quânticos (com suas capacidades de processamento ultravelozes) e o “Starry Router” (tecnologia de internet de baixo custo com capacidade de transmissão de 1 GB de dados por segundo), é possível ainda mais transações de alto valor e alta quantidade de ordens em questão de milissegundos.

Estaríamos, portanto, diante do futuro do trading, onde o humano seria quase que completamente substituído por máquinas de alta frequência? Talvez não. Mas os mercados nunca serão os mesmos. O risco de volatilidade é maior do que nunca. Se não houverem devidas regulações, a automatização pode se mostrar não mais um facilitador de negócios, mas uma armadilha onde a especulação é gigantesca e preços tenderiam a estar cada vez mais afastados de seu valor justo, distorcidos pelos movimentos dessas máquinas.


Artigo publicado em janeiro/2017 na 15ª edição da Markets St.


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