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LIBOR: definição, metodologia e curiosidades


Intitulada pela sua antiga administradora, British Banker’s Association (BBA), como o “número mais importante do mundo”, a London Interbank Offered Rate, ou LIBOR, é uma ferramenta financeira extremamente relevante internacionalmente. Ela representa a taxa de empréstimo interbancário de curto prazo entre as principais instituições ao redor do globo. Sua importância, entretanto, não se restringe ao custo de empréstimo entre bancos, mas abrange outros diversos produtos, como contratos de derivativos e empréstimo estudantil.

Calculada em cinco moedas (US dólar, euro, libra esterlina, yen e franco suíço) e em sete períodos (overnight, uma semana, 1, 2, 3, 6 e 12 meses), são produzidas 35 diferentes taxas diariamente. A LIBOR de três meses em dólar, a mais utilizada no mercado, serve como indicador primário da taxa média a que os bancos tomam empréstimo no mercado interbancário de Londres. Quanto à metodologia, a Intercontinental Exchange (ICE), que administra a LIBOR, questiona cerca de 16 bancos sobre a taxa a que estes estariam dispostos a emprestar fundos a outras instituições. As respostas são agrupadas e, em seguida, são descartados os valores extremos. Enfim, a média aritmética das taxas restantes determina a LIBOR.

A universalidade de aplicações no mercado financeiro garantiu à LIBOR uma posição de destaque entre os benchmarks existentes. De acordo com um relatório do Tesouro do Reino Unido, mais de $300 trilhões de contratos financeiros estão vinculados à LIBOR, excluindo a presença em taxas variáveis em contratos de hipotecas. Sua influência estende-se tanto ao mercado de derivativos – com operações de swaps cambial e de taxas de juros, futuros e opções – quanto ao de crédito, na determinação da taxa de “corporate bonds”, hipotecas, empréstimos estudantis e cartão de crédito. Outra característica proeminente é seu uso como um termômetro para as expectativas de mercado sobre a taxa de juros futura do banco central, assim como medida do estado vigente do sistema bancário mundial.

Nos últimos anos, a taxa de referência recebeu atenção da mídia, devido a escândalos de manipulação da LIBOR que contribuíram para a deterioração econômica na Crise de 2008. O impasse foi iniciado por falhas na metodologia, que contava com o fornecimento de informações de mais de 200 instituições, sendo os dados estritamente teóricos, desconsiderando a taxa efetiva das transações interbancárias. Aliados a isto, estavam a falta de regulamentação e a motivação de lucros por parte dos bancos. Os dados reportados tinham a finalidade de alterar a trajetória da taxa, de forma a torná-la a mais favorável possível para a instituição em questão. As investigações mostraram que tais práticas eram generalizadas no sistema financeiro desde, no mínimo, 2005. A LIBOR manteve-se artificialmente baixa durante o período, aparentando uma situação financeira saudável dos bancos. Quando a correção abrupta da taxa ocorreu no auge da crise, o mercado de crédito interbancário já não conseguia sanar os problemas de liquidez do sistema. O caso foi averiguado e, nos últimos anos, inúmeros bancos foram multados pela conduta antiética e fraudulenta. A segurança quanto à LIBOR só pôde ser recuperada após a transferência administrativa para a ICE, que instaurou mecanismos mais rígidos de transparência e reduziu o número de bancos contribuintes, reduzindo os riscos de fraude consideravelmente.



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