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O teste de popularidade de Trump


Enquanto a eleição presidencial no Brasil adquire contornos finais, as eleições intercalares - Midterms elections, nos Estado Unidos -, por outro lado, mostram-se distantes de estarem definidas. Tais eleições, historicamente, são guiadas por interesses estaduais, tendo baixa relação com o ambiente político nacional. Entretanto, pode-se dizer que o pleito de novembro adquiriu contexto único, na qual as ações do presidente Donald Trump serão postas em xeque. Com certeza, será o maior teste de popularidade que a midiática carreira de Trump irá passar.

O já disputado sistema político americano vem, durante o mandato de Trump, se mostrando cada vez mais polarizado. Enquanto parte do eleitorado glorifica sua gestão no que se refere ao atual estado da economia americana - menor taxa de desemprego dos últimos 18 anos - outra parte o condena devido às suas polêmicas declarações. Soma-se a esse cenário as alegações de conluio entre sua campanha e a Rússia nas eleições presidenciais de 2016 e a deterioração das relações diplomáticas entre Pequim e Washington. Por reflexo, a aprovação de Trump chegou à 36% em agosto, menor patamar desde que assumiu a presidência. Assim, tais argumentos contrários a administração de Trump podem ocasionar na tomada da maioria do Senado e da Câmara pelos Democratas, apesar da tomada simultânea das duas casas ser pouco provável. Atualmente, o partido Republicano detém maioria em ambas as casas legislativas, mas as perspectivas para elas são bem distintas.

No Senado, o partido Democrata precisa ganhar apenas dois novos assentos para retomar o controle da casa. Tarefa pouco complicada. A margem de erro é pequena, visto que 26 assentos dos que serão disputados pertencem à estados, historicamente, controlados pelos Democratas. Número muito superior aos 9 assentos defendidos pelos Republicanos. Ou seja, se o partido pretende retomar o controle do Senado, primeiro, ele deverá fazer o dever de casa.

Já na Câmara, a situação é bem diferente. A princípio, a eleição de novembro irá renová-la totalmente. Para alcançar a maioria o partido Democrata necessita conquistar 23 novos assentos dos 68 que, historicamente, oscilaram entre Republicanos e Democratas. Apesar de parecer uma tarefa pouco complicada, nos últimos 50 anos o partido só conseguiu o feito de conquistar mais de vinte e três assentos apenas duas vezes. Possível, mas pouco provável.

Além disso, não se pode esquecer dos candidatos independentes que usam o discurso anti-establishment como plataforma eleitoral. Fenômeno que já mostrou sua força na eleição do próprio Donald Trump e que pode causar significativas mudanças no cenário bipolar e consolidado de Republicanos e Democratas.

No cenário mais realista, espera-se que os Democratas retomem o controle do Senado, mas não obtenham o mesmo êxito no câmara. Criando um cenário pouco amigável a administração Trump que, mesmo com um congresso controlado por seu partido, apresentou dificuldades para aprovar a reforma tributária e o orçamento do início de 2018.

Qual seria a consequência de um eventual congresso de oposição à administração Trump? A principal consequência é o risco de abertura do processo de impeachment contra o presidente no caso da interferência russa nas eleições de 2016 e uma boa dose de realidade na ambição do bilionário nova-iorquino de se reeleger em 2020.

Portanto, as Midterms elections, além de um evidente teste de popularidade, são uma questão de continuidade e de legado de seu governo. Dois aspectos que o ego de Donald Trump mais se preocupa.


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