top of page

Buybacks: oportunidade ou vaidade?


O bilionário americano Warren Buffett, considerado um dos investidores mais bem sucedidos da história, se não o mais, tem uma trajetória de sucesso que passa muito pela Berkshire Hathaway, companhia que investe em empresas subsidiárias - uma holding de investimentos - da qual Buffett é CEO e acionista majoritário, e através da qual investiu em empresas como Kraft Heinz, Coca-Cola e IBM. O ponto é que a holding anunciou recentemente uma mudança na sua política, com a qual alinharam-se condições para que, a partir do último mês de agosto, a Berkshire tenha a premissa de recomprar suas ações sempre que julgar que elas estão baratas, ou seja, abaixo de seu valor justo. Antes, a empresa só poderia recomprar as ações quando o múltiplo Preço da Ação por Valor Patrimonial por Ação estivesse abaixo de 1,2, o que raramente ocorreu na história. Esse fato, aliado ao valor superior a U$$ 110 bilhões que a companhia mantém em caixa, pode indicar que o bilionário tem a intenção de aplicar a estratégia de recomprar papéis da empresa.

A recompra de ações, ou buyback, em inglês, diz respeito a quando, literalmente, a empresa compra suas ações de volta, retirando-as do mercado. Essa situação tem implicações tanto em aspectos financeiros quanto na visão que se transmite ao mercado quanto à empresa e seu management.

Primeiramente, por mera questão de oferta e demanda, a tendência é que o preço das ações suba, já que a companhia, ao realizar o buyback, diminui a oferta, reduzindo o número de ações em livre circulação. Com a recompra, o lucro por ação sobe e a empresa não precisa pagar dividendos para as ações que foram recompradas. Quanto à situação da Berkshire, o JP Morgan divulgou um estudo em que afirma que, caso a estratégia seja adotada, o lucro por ação pode aumentar em até 20%.

Quando uma companhia toma uma decisão desse tipo, o mercado pode ver com bons olhos, já que investir na própria empresa reafirma a confiança do management na operação e pode ser benéfico aos acionistas, na medida que o lucro por ação aumenta, como já observamos, e a ação se valoriza, podendo os dividendos por ação também aumentarem caso a companhia siga pagando um dividendo total da mesma ordem, mesmo com menos ações. Por outro lado, esse tipo de estratégia tanto diminui a liquidez dos papéis quanto pode criar um preço ineficiente de mercado, além da importante questão relativa à empresa, que ao estar utilizando o seu próprio caixa para comprar as ações de volta, diminui, assim, o seu valor intrínseco.

Os buybacks, assim como praticamente toda estratégia no mercado financeiro, podem ser positivos ou negativos, dependendo da forma e situação como são aplicados. Quando a empresa compra de volta suas ações, o que ela se supõe é que o valuation e a análise do mercado sobre ela estão equivocados, subestimando o real valor da companhia em tal nível que, para ela, investir nas próprias ações é uma ideia melhor do que investir em outras oportunidades e projetos mais naturais aos seus negócios. Se essa suposição estiver correta, a tendência é de que o buyback seja positivo. Do contrário, caso o management tenha apenas superestimado o real valor da companhia e o buyback tenha sido um movimento para recuperar o orgulho ferido pelo mercado e o seu valor de curto prazo, a tendência é que o valor da empresa se deteriore no longo prazo.



Caso tenha se interessado, confira a lista de textos que disponibilizamos para o aprofundamento no assunto. Acompanhe também nossa página, facebook.com/ligademercadofeausp, e fique por dentro de nossas postagens semanais!




bottom of page