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Como funcionam os Hedge Funds


Hedge funds, no Brasil comumente conhecidos como fundos multimercado, geralmente se configuram como fundos de investimento mais agressivos, sem muitas restrições sobre onde podem aportar o capital que está sob sua gestão e que costumam operar alavancados, visando gerar retornos consideravelmente altos. A indústria, que mundialmente tem mais de 3 trilhões de dólares sob gestão, só cresce por aqui e registrou ingressos líquidos de R$ 97 bilhões no ano de 2017.

Diferente do que ocorre com os fundos de asset mais “tradicionais”, apesar de ambas serem gestoras de ativos, os hedge funds, justamente pela sua configuração de flexibilidade de portfólio, podendo investir em juros, ações, dólar, renda fixa e derivativos, dentre outros, são mais estratégicos, com diversos expedientes podendo ser adotados pelo gestor, que tem liberdade para assumir variadas posições e exposições. Até por isso, esse tipo de fundo não deve ter seu desempenho avaliado em relação a um benchmark, mas sim em valores absolutos. Por serem, de certa forma, mais independentes dos investimentos e índices mais convencionais, os hedge funds são capazes atravessar períodos de crise com tranquilidade.

No que tange ao modo com que os hedge funds lucram, existem algumas especificidades para a cobrança da taxa de performance que remunera o fundo. Hurdle rate é o retorno mínimo garantido ao investidor antes de que o hedge fund comece a cobrar sua taxa de performance. A high-water mark, por sua vez, se refere à melhor performance anterior do fundo e é o dispositivo que permite com que os investidores não tenham que pagar taxa de performance duas vezes sobre o mesmo ganho. Por exemplo, imagine um fundo que cobra 20% de performance, hurdle rate de 15% e que um investidor tenha investido R$ 100.000,00 nesse hedge fund. Se, em um primeiro mês, o fundo retornar 25% e atingir os R$ 125.000,00, a taxa de performance será de 20% sobre os 10% que excederam a hurdle rate de 15%, ou seja, 20% x 10% x R$ 100.000,00 = R$ 2.000. Caso o fundo perca valor em um segundo momento, os investidores ficam desobrigados a pagar taxas de performance até que o valor de R$ 125.000,00 seja atingido novamente.

Rentabilidades passadas não são garantia de rentabilidades futuras. Essa é uma frase recorrentemente encontrada nas lâminas de fundos de investimento, e todos sabemos que, de fato, uma coisa não implica na outra. O histórico, entretanto, muitas vezes é a melhor, e, por vezes, a única ferramenta para se avaliar a capacidade de um fundo e do seu gestor. Nos hedge funds, embora o desempenho passado ainda possa mostrar tal capacidade, a variância desse tipo de fundo, com mudanças repentinas de estratégias e posições até em curto prazo – imagine em longo prazo – torna a previsibilidade do futuro ainda mais desvinculada de fatos passados, e esse é um importante cuidado a se tomar.

No Brasil, além de todo risco inerente a esse tipo de investimento, é importante estar bastante atento à parte regulatória e às entrelinhas dos contratos de investimento. Como os fundos operam alavancados, ou seja, com um valor maior do que o do patrimônio do hedge fund, o investidor pode ser chamado – leia-se obrigado – a aportar mais capital caso o fundo esteja com performance negativa. Diferentemente do que ocorre com investimentos mais tradicionais, como CDB, LCI e LCA, o Fundo Garantidor de Créditos (FGC) não cobre investimentos feitos em hedge funds.

Esses fundos, até mais do que outros investimentos de risco, têm suas especificidades e cuidados imprescindíveis ao investidor. Se bem utilizados, entretanto, se mostram uma excelente ferramenta de diversificação de portfólio, podendo impulsionar consideravelmente a rentabilidade de uma carteira.


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