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Entendendo a situação imigratória da Itália


Não é de hoje que o tema imigração aparece nos debates econômicos e políticos. Atualmente, o tema está fortemente relacionado com os países da União Europeia (UE), que vivem uma verdadeira “crise migratória”. É claro que se trata de uma crise complexa, uma vez que envolve diferentes fluxos migratórios e diferentes tipo de migrantes. O fato é que os debates para solucionar essa crise estão longe de um consenso. No entanto, um país em especifico vem mostrando certas peculiaridades sobre essa questão: a Itália.

O país é um dos europeus que recebe maior número de imigrantes. Para se ter uma noção, em 2015, o total de imigrantes para a Itália foi de pouco mais de 280 mil pessoas, já o número de imigrantes para a Alemanha foi de mais de 1,5 milhões. Neste ano, a Itália ainda ficou atrás do Reino Unido, da Espanha e da França em número de imigrantes recebidos. A peculiaridade se dá quando analisamos os diferentes tipos de imigrantes. Ainda no ano de 2015, por exemplo, a porcentagem de imigrantes que vieram de países não membros da UE foi a maior no caso italiano: 70.4% dos imigrantes vieram de países não membros da UE. Isso se dá por dois motivos principais: fatores de expulsão e relativa facilidade geográfica de acesso. Além disso, traz consequências em três diferentes esferas econômica, política e diplomática.

A maioria desses imigrantes em questão partem da costa norte da África, de países pobres (fator de expulsão) como a Líbia por exemplo. O destino, muitas vezes, é indefinido. Grande parte quer apenas chegar na Europa (onde as condições de prosperar são melhores) e a proximidade geográfica com a Itália torna o país uma verdadeira “porta de entrada” para esses refugiados. Isso, por sua vez, gera uma consequência imediata: movimentações diplomáticas entre os países membros da UE.

Isso ocorre porque vários desses membros estão interligados pelas mais diferentes formas possíveis (financeira economicamente, culturalmente, geograficamente, etc.) e portanto a instabilidade de um deles é sempre motivo de preocupação para o todo. Como consequência, vários deles partem em “auxílio” à Itália e a outros países de fácil acesso à esses refugiados (como a Espanha e a Grécia). Além disso, tentar conter esse fluxo imigratório logo nas “portas de entrada” para a Europa pode ser uma boa forma de amenizar o ônus de ter que lidar com essa situação no próprio país.

Ônus que, por sua vez, faz parte das consequências na esfera econômica. Nesse sentido, o primeiro impacto que podemos perceber é o impacto direto e imediato: é custoso financeiramente receber, abrigar e auxiliar esses imigrantes. Somente neste ano, por exemplo, 5 bilhões de euros dos cofres italianos, aproximadamente 22 bilhões de reais, serão destinados à ajuda aos milhares de imigrantes que estão no país. Por outro lado, há também o impacto indireto: muitos dos refugiados aceitam trabalhar por salários muito menores que os vigentes no mercado italiano, e acabam abaixando os níveis salariais.

Isso tem um impacto direto na política: hoje, uma das principais características dessa esfera na Itália é a grande polarização. E uma das causas é, sem dúvida, a situação imigratória. Com os níveis de salários cada vez mais baixos, grande parte dos cidadãos italianos passaram a apoiar medidas e candidatos que tendem ao extremismo. O atual Ministro do Interior da Itália (que tomou posse do cargo na última sexta feira, dia 01/06/2018) e partidário da Liga, partido italiano de direita, Matteo Salvini, usou a pauta imigratória como sua principal ferramenta política e, agora eleito, afirma que: “mandá-los de volta para casa será uma das nossas maiores prioridades” se referindo aos imigrantes no país.

Percebemos que, de fato, esse é um problema complexo que envolve diversas variáveis, mas que deve ser estudado e compreendido, dadas as suas consequências reais mostradas até aqui. É importante lembrar que este foi apenas um caso entre os mais diversos países que enfrentam esse tipo de situação. E mais importante que isso, devemos sempre nos atentar às causas humanitárias que envolvem o problema.


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