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Entenda a Selic


Qualquer pessoa que acompanha o noticiário econômico brasileiro percebe a ansiedade do mercado nos períodos próximos às reuniões do Copom – Comitê de Política Monetária do Banco Central. Ao final dos dois dias de reunião, como se subisse a fumaça branca ao final de um conclave, saberemos se a Taxa Selic aumentou, diminuiu ou foi mantida.

Sem embargo, detalhe importante que escapa à maioria das pessoas é que o Copom não determina efetivamente uma taxa – ele determina uma meta. Para entender a diferença, é preciso conhecer melhor a própria taxa Selic.

A taxa Selic é a taxa de financiamento no mercado interbancário para operações de um dia, ou overnight­, que possuem lastro em títulos do governo e ocorrem no Sistema Especial de Liquidação e Custódia – o Selic. Trocando em miúdos, é a taxa que regula os empréstimos entre os bancos, que recebem recursos e dão como garantia títulos públicos, para diminuir o risco da transação e consequentemente, sua remuneração.

Assim, como o risco final do processo é do governo, cujos títulos servem de lastro para a operação, e o prazo é curtíssimo – um dia -, a taxa Selic acaba sendo utilizada como referência para outras taxas do mercado. Além disso, ela não é uma taxa fixa e varia praticamente todo dia. Entretanto, sua variância é baixa, justamente para que seja atingida a meta estipulada pelo Copom.

Essa taxa é de extrema importância também por servir como um dos principais mecanismos de política monetária. A lógica é simples: se a Selic abaixa, dizemos que há um afrouxamento monetário, que visa estimular a economia; se ela aumenta, dizemos que há uma contração monetária, quase sempre para controlar inflação.

Além dos efeitos de política monetária, a Selic tem outros efeitos mais facilmente percebidos pela população. Um deles é sobre a rentabilidade dos títulos de renda fixa, como os fundos DI pós fixados – fundos que seguem a rentabilidade da Selic. Se a taxa aumenta, o rendimento desses fundos também aumenta; se, ao contrário, a Selic cai, a rentabilidade também cai.

Outro desses efeitos é sobre a taxa cobrada pelos bancos quando emprestam dinheiro aos seus clientes. Normalmente, os bancos costumam seguir a direção da Selic quando alteram suas taxas de juros. Entretanto, outros fatores também são colocados na balança para a determinação das taxas de empréstimo, como a taxa de inadimplência, a carga tributária e a margem de lucro das instituições financeira. Por isso, as alterações são sentidas mais a longo e médio prazo.

Essa intertemporalidade está ligada aos mecanismos de transmissão de política monetária – assunto para um próximo texto.


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