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A digitalização no século XXI não é mais novidade para ninguém. Todo ano, novas tecnologias são criadas e logo em seguida se tornam obsoletas, seguindo um ciclo de destruição criativa. Recentemente, vimos essa “nova era digital” mudar a nossa relação com os meios de transporte e de informação, a forma como comemos e como compramos e até mesmo como nos relacionamos com outras pessoas. O sistema financeiro não poderia ficar de fora disso. Apoiado na burocracia, atendimento de má-qualidade e grande quantidade de tarifas dos grandes bancos, a ascensão das fintechs tem tudo para quebrar o monopólio do sistema financeiro brasileiro.

Oriundo desse movimento, o Banco Inter (BIDI11|BIDI4|BIDI3), instituição financeira fundada em 1994 como Intermedium Financeira, viu sua base de clientes crescer 243% em um ano, possuindo mais de 2,5 milhões de contas digitais no segundo trimestre de 2019. Tal crescimento se sustenta pela principal diferença de seu produto: uma conta 100% digital, livre de tarifas, de fácil acesso, simples e completa que permite ao seu público alvo -o consumidor insatisfeito com a histórica indiferença dos grandes bancos- ter menos dor de cabeça ao cuidar de sua vida financeira.


A companhia começou suas operações em Belo Horizonte, atuando como financeira, sendo seu principal produto crédito. Hoje, oferecem diversos serviços, como créditos consignado e imobiliário, seguros e cartões de crédito e débito (cartão múltiplo). São verdadeiramente um banco, com o grande diferencial de ser 100% digital. Tal vantagem permite que a instituição tenha um custo muito menor ao servir um cliente, já que não possui gastos referentes a agências, caixas e papelada. Assim, com o crescimento contínuo da base de clientes, tal gasto vem diminuindo nos últimos exercício, e com isso, o banco ganha em escala. A relação OPEX/Cliente caiu 44,2% em apenas um ano, de R$376,20 para R$210,00. Isso, em conjunto a cobrança de uma taxa de 2% sobre o uso de cartão múltiplo, permite que o banco não cobre tarifas de seus clientes, pois não sofre grande perdas nas receitas ao abrir mão do montante que seria cobrado com as diversas taxas que outras instituições financeiras cobram.

Como consequência dessa expansão no número de clientes e diminuição dos custos, somada a diversificação dos tipos de serviços, a fintech teve um aumento anual de 90,9% no lucro líquido frente o segundo trimestre de 2018, chegando no resultado de R$32,9 milhões no exercício. Foram esses números que levaram o Softbank, famoso grupo de investimentos japonês, a realizar seu primeiro aporte numa empresa listada na bolsa brasileira. O fundo investiu um montante de aproximadamente R$1 bilhão por 10% da companhia, numa operação que animou os investidores e fez a ação da fintech subir 17,4% no dia da aquisição. Além disso, a empresa foi fundada por membros da família Menin, proprietários da MRV, uma das maiores construtoras do país. Até hoje, a família ainda possui forte influência sobre a companhia, sendo o atual presidente João Vitor Menin e o presidente do conselho Rubens Menin. Com isso, a empresa consegue uma grande expertise no segmento de crédito imobiliário, podendo importar o conhecimento adquirido nesse setor para suas atividades financeiras.

Porém, nem tudo são flores. O banco ainda apresenta uma margem menor quando comparado aos grandes bancos tradicionais, apresentando uma margem menor (8%) que a média dos 5 grandes bancos listados (16%). Os grandes responsáveis desta margem relativamente menor são os custos com marketing e com inovação tecnológica, sendo este o principal gasto da companhia. Contudo, esses gastos são envoltos numa estratégia muito comum para empresas que estão se reinventando: o marketing ajudará na captação de clientes, e ao ganhar market share, juntamente com a consolidação da marca, estes gastos tendem a diminuir substancialmente; da mesma forma, os gastos principais com inovação da plataforma acontecem até certo momento, que depois se torna apenas custo de manutenção, o qual é notavelmente menor.

Gráfico 2- Despesas\Receita

Dentre a estratégia de ser um grande expoente do mundo digital, o banco anunciou a contratação de Rodrigo Gouveia, ex-executivo do Facebook para liderar o desenvolvimento de uma futura área de marketplace. Com essa movimentação, a companhia começa a buscar não ser apenas uma plataforma de serviços bancários e visa se transformar num Super App: aplicativos que concentram em um só lugar vários tipos de serviços. Isso já diferencia muito a plataforma digital do Banco Inter da de seus principais concorrentes, como o Nubank. Mesmo não tendo uma conta corrente que rende, o banco mineiro consegue se diferenciar pois consegue oferecer diversos serviços - desde recarga telefônica a um Home Broker gratuito e sem taxas para seus clientes - coisa que nenhum outro banco digital oferece neste momento.

Todavia, no Brasil, ser 100% digital implica em ser incapaz de alcançar uma boa parte da população: aproximadamente 40% da população brasileira não possui acesso a internet. Além disso, grande parte da população com acesso a internet ainda não confia em uma plataforma intangível. Recentemente, a instituição registrou um problema de software onde seus clientes se surpreenderam com contas zeradas e negativadas, porém, o incidente foi resolvido no mesmo dia e não implicou em nenhuma perda para os clientes. No geral, o ocorrido demonstra que o sistema exclusivamente digital está propenso a tais riscos e aumenta a desconfiança da parte dos consumidores.

Portanto, mesmo com números ainda inferiores aos dos grandes bancos de varejo, o Banco Inter vem se consolidando como o principal banco digital do Brasil, conquistando clientes ao lhes oferecer o que estas instituições sempre negligenciaram ao brasileiro: facilidade e simplicidade ao lidar com seu dinheiro, evitando estresse e burocracia, e isso tudo sem nenhum custo ao cliente.

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