“Para chegar onde eu queria, tive que reinventar o jeito de correr”. Com as palavras do garoto propaganda Usain Bolt, homem mais rápido do mundo, o Banco Original acaba de ser relançado por Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central, e é controlado pelo grupo J&F, donos da JBS.
O Original foi inicialmente criado para fornecer crédito aos parceiros da JBS, mas em 2012, começou a mudar. Meirelles transformou o perfil do banco a fim de atrair a classe de alta renda, com modelo semelhante ao BankBoston, do qual foi presidente global. Hoje, o Original conta com uma carteira de ativos de mais de R$ 6,6 bilhões, um patrimônio deR$2,2 bilhões e tem como meta alcançar 2 milhões de clientes em 10 anos, 100 mil ainda esse ano (2016).
Seguindo a tendência internacional, o banco tem como proposta ser 100% digital, ou seja, sem estrutura física, sem filas e sem burocracia. Todos os serviços estarão disponíveis em um aplicativo, para usar via smartphone, tablet ou computador. O saque é feito em qualquer caixa eletrônico da rede 24 horas e possui todas as operações de um banco “normal”. Além disso, como tem custos de operação mais baratos que os bancos tradicionais, o correntista paga somente para usar o cartão de crédito, sem outras taxas de manutenção, fator muito importante para chamar atenção do cliente em um momento de crise.
O Original se apoia sobre 5 pilares: inovação, proximidade, simplicidade, transparência e confiança. Inovador, pela modernidade nas práticas; próximo pela combinação de tecnologia com uma relação personalizada; simples pela linguagem fácil e sem jargões do mercado; transparente pela relação aberta e clara que propõe e, por fim, confiável pela tecnologia de última geração e pelo nome de peso de seu idealizador e equipe.
Nos últimos tempos, o nome de Henrique Meirelles vem circulando cada vez mais no cenário político. Cogitado para um possível governo de transição do PMDB com Michel Temer, Meirelles diz que não perde tempo com hipóteses e que está focado no crescimento do Original. Inclusive, é membro do conselho da J&F, grupo que controla o banco.
Mas como os brasileiros irão reagir? Nesse cenário de crise, no qual pequenos e médios bancos estão passando por sérias dificuldades, Meirelles se mantém confiante. “O momento de crescer é aquele em que a competição está em retração”. Sem dúvidas, a proposta do Original o diferencia dos outros bancos, além de atrair as novas gerações, cada vez mais digitais e menos burocráticas, que acreditam que a rapidez e acessibilidade são primordiais. Porém, compete com as fintechs que estão se firmando no país, como a Nubank, que já tem uma lista de espera para o seu cartão de crédito com mais de 300 mil pessoas. Além disso, é necessário ressaltar as mudanças tecnológicas que os grandes bancos estão passando. O Itaú, por exemplo, fez a campanha “Digitau” – com certa polêmica semântica por trás –, o que mostra que eles não darão espaço para as fintechs de forma tão fácil. Soma-se a tudo isso a desconfiança do brasileiro: as gerações mais antigas têm uma certa resistência a essa forma de se “fazer banco”, pois passaram toda sua vida indo a agências e conversando com seus gerentes cara a cara. A face digital pode assustar muita gente.
Mas, assim como Bolt, que reinventou o jeito de correr, o Original quer reinventar o conceito de banco e quebrar os mitos sobre o banco digital. O potencial existe e a demanda também. Só nos resta observar e torcer para que ambos cruzem a linha de chegada.
Artigo publicado em junho/2016 na 13ª edição da Markets St.
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