Christopher Hill, historiador inglês do século XVII, para descrever as condições de vida econômica de sua época, escreveu o seguinte:
“Um homem vivia em uma casa construída com tijolos de monopólio, com janelas de vidro de um monopólio, [...] tomava banho com sabão de um monopólio, engomava sua roupa com goma de um monopólio. Vestia-se com roupas de monopólio e [...] comia manteiga de um monopólio, peixe de um monopólio, temperado com sal de um monopólio, pimenta de um monopólio e vinagre de um monopólio. ”
Economistas, ao ler esse trecho, afirmarão sem pensar duas vezes que a vida econômica da Inglaterra do Século XVII tinha muito a melhorar, dada a enorme quantidade de monopólios que vigoravam. Mas por que monopólios são ruins? O alto preço e a baixa variedade são respostas corretas, mas apenas sintomáticas de uma doença grave: a ineficiência econômica. Para entender a ineficiência econômica, façamos o exercício inverso de entender a eficiência econômica.
Eficiência, no dicionário, é a “qualidade de algo ou alguém que produz com o mínimo de erros ou de meios”. Quando falamos em eficiência na economia, por outro lado, usamos a famosa Eficiência de Pareto. Uma situação é ótima – ou eficiente – no sentido de Pareto quando não é possível melhorar a situação de um agente econômico sem que a de qualquer outro piore. Esses agentes podem ser, por exemplo, consumidores e produtores de algum bem.
Suponha que existam apenas duas consumidoras, que gostam de pizza e refrigerante, e possuem determinado estoque de tais produtos. A primeira delas gosta mais de pizza, e está disposta a dar duas latas de refrigerante para receber mais um pedaço de pizza. A segunda, por outro lado, gosta mais de refrigerante, e oferece um pedaço de pizza em troca de duas latas de refrigerante. Se elas se encontrarem e decidirem que a primeira dará duas latas de refrigerante e a segunda, um pedaço de pizza, diremos que essa troca é eficiente no sentido de Pareto.
Ora, digamos que de repente passássemos a achar a primeira consumidora mais importante e quiséssemos melhorar sua situação, dando-lhe dois pedaços de pizza. A única maneira de fazer isso, nesse mundo de apenas duas consumidoras, seria impor que a segunda consumidora desse dois de seus pedaços pizzas em troca de apenas uma lata de refrigerante. Perceba que isso seria prejudicial, pois ela ficaria com menos refrigerantes do que gostaria. Ou seja, para melhorar a situação de uma agente, teríamos que piorar a de outra. Dessa forma, o arranjo inicial – em que elas trocavam entre si um pedaço de pizza por duas latas de refrigerante – é Pareto-eficiente.
Voltemos aos monopólios. Uma firma monopolista é aquela que controla toda a produção de um determinado bem. Em linhas gerais, ela pode escolher o preço e a quantidade que produzirá e venderá para tornar seu lucro o maior possível, sem levar em conta a disposição dos consumidores a pagar por seu produto. Via de regra, ela escolherá preços relativamente altos, que farão com que alguns consumidores não comprem o produto. E é aí que está o problema.
Se inseríssemos uma firma monopolista de pizzas ou refrigerantes no mundo das duas consumidoras que analisávamos há pouco, ela poderia escolher uma razão de troca - uma espécie de preço - entre pizzas e refrigerantes que pode não ser favorável a alguma das consumidoras. Com isso, ela potencialmente não consumiria. Isso seria duplamente prejudicial, pois a consumidora não usufruiria dos produtos e a firma perderia lucro. Dessa forma, se a firma abaixasse um pouco seu preço, poderíamos melhorar a situação de todos os agentes sem prejudicar nenhum. Perceba que a situação em que a firma escolhe preços altos não é Pareto-eficiente.
Isso significa que todo e qualquer monopólio é prejudicial e deve ser eliminado? As exceções são poucas, mas a resposta é não. Afinal, existem os monopólios naturais.
Na verdade, o conceito de Eficiência Econômica serve para que analisemos a economia em que estamos e busquemos um ambiente regulatório e institucional que favoreça o funcionamento dos mercados.
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